Os jornais são seres altamente sensíveis ao Verão. Sofrem de uma espécie de alergia à época balnear. De um modo geral, as pessoas regozijam-se com estes belos dias de céu limpo e sol quente. Já o mesmo não se passa com os jornais. Preferem os dias de céu plúmbeo e sol murcho. Simplesmente porque é quando tudo acontece. É quando as instituições até funcionam, o País trabalha e a chuva vai caindo na mesma proporção em que chovem notícias nas redações. Chega o Verão e pronto: não há notícias. Conscientes da escassez de matéria-prima, os jornais mergulham então numa terrível angústia para serem logo atacados por uma maleita cientificamente identificada como S.A.N. (Síndroma de Ausência de Notícias). Mas a S.A.N. pode ainda ser acompanhada por uma estranha torrente de achaques. À base de tremuras nos dedos - resultante da esponjiformidade dos músculos das mãos - estas macacoas são os primeiros sintomas de uma outra doença. É a chamada F.P.B., ou Fobia das Páginas em Branco. Na maior p
Não é uma casa erguida tijolo a tijolo. Assemelha-se mais a um ninho fabricado com fibras extraídas das entranhas: esperança, negação, ternura, compreensão. Ao logo do caminho calcorreado nesta nossa peregrinação, uma e outra vez brilharam os olhos do lobo das estepes, que queria esfacelar a unidade; muitas vezes, também, a tentação da fuga assomou à nossa beira: " Vou-me embora, esta casa não é minha ". Mas a tentação foi exorcizada. Não foi fácil a jornada. Nas tardes gélidas de inverno, quantas vezes se nos congelou o pensamento, ao duvidarmos se nos teríamos enganado no caminho! Quantas vezes nos interrogámos: Teremos feito a opção correta? Não nos conhecíamos. Serás, de facto, tu para mim e eu para ti? Será esta, de verdade, a nossa casa ? Mas uma e outra vez conseguimos afugentar os fantasmas e retomar o caminho, empreendendo de novo a marcha. Com gozos singelos, alegrias caladas, podando ramos, limando arestas, morrendo um pouco, dialogando com doçura..., a c