Usados somos na vida
Roubados, espoliados
Induzidos, programados
Com os recursos mais vastos
De tal forma que entre os usos
Obrigaram-nos aos gastos
Somos usados e ao lado
Ensinados a usar
E se nos sobra dos usos
O que fica é para gastar
Eles usam nossos corpos
Nossas almas, nossas mentes
Usam o ventre das mulheres
Onde vão nossas sementes
Eles usam nossa pele
Nossos braços, nossas mãos
E nos obrigam a gastar
Pela casa e pelo chão
E pela água que bebemos
Pelo banho que tomamos
Pelo sorriso que demos
Pelo ar que respiramos
Pelos planos que fazemos
Gastamos mais nos gastamos
E entre gastos e usos
Vivendo vamos de rastos
Já que os gastos vêm do uso
E pelos usos somos gastos
(Paulo Canella, revista Humanidades n.º 5 / 2002)
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