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Adolescentes em corpos de Adultos

«Acho sempre muito divertido quando a Organização Mundial de Saúde diz que a adolescência termina aos dezoito anos. No sentido interior do termo, somos todos um bocado adolescentes para sempre.
Da adolescência à experiência parental é tudo muito rápido. As pessoas vêem-se obrigadas a crescer muito depressa. Tem poucas experiências verdadeiramente relevantes. De um momento para o outro, são devorados pela voracidade da rotina. O importante é terminar a faculdade, arranjar trabalho, um bom carro, casa e por aí fora. Aos quarenta anos, apercebem-se que não tiveram tempo de olhar para todas aquelas questões que fazem parte da natureza humana. Então, são invadidas por sensações contraditórias. Voltam a questionar-se. E há sempre quem as condene. Como se isto de nos questionarmos, de reflectirmos sobre os nossos sonhos, as nossas relações, as nossas vidas, fosse qualquer coisa própria da adolescência. Como se todos aqueles que continuam a interrogar-se fossem uma espécie de produtos fora de prazo. É inquietante! E é muito saudável sentir que temos, sempre, direito a ter colo! Este não pode ser unicamente tolerado em relação às crianças. Todos nós precisamos de colo. Todos nós nos deprimimos à falta dele!
Há que se fazer sempre um balanço de vida! De percebermos como nos podemos transformar. E isso é essencial! É importante que as pessoas possam aprender a conhecer-se melhor, que possam rentabilizar-se como pessoas, que reconheçam aqueles que estão na primeira fila do seu coração e que possam dar-se a possibilidade de serem mais felizes.
Passamos a vida a confundir o saber com a sabedoria. Mas, as pessoas só se tornam sábias se forem adolescentes para sempre. Se se forem interrogando, se se forem deslumbrando com a vida. Nesse sentido, ficam mais bonitas à medida que se tornam mais velhas. Ficam mais Pessoas!»

(Eduardo de Sá, Psicólogo)

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