Avançar para o conteúdo principal

As Novas Escravaturas

«É escrava a pessoa que está presa à sua própria liberdade, quando não sabe para que lhe serve. A liberdade não é um valor em si, mas um palácio a construir. Daí que só se consiga a liberdade quando se tem um objectivo. De nada serviria ser livre para pensar, se não pensamos em nada; livres para opinar, se só opinamos sobre equipas de futebol; livres para construir as nossas vidas, se logo as esbanjamos na rotina.
É escrava a pessoa que vive agrilhoada à sua incultura ou a que gasta a vida num trabalho que não consegue amar. E com isso fica dito que é escrava meia humanidade contemporânea. De que serve deixar de ser analfabeto quem nada vai ler? Como poderá amar o seu trabalho quem simplesmente o suporta, não dando o melhor de si?
É escrava a pessoa que é serva dos seus próprios medos ou dos seus próprios vícios. A que para vestir-se só se atreve a pensar no que está na moda; a que "tem" de comprar os aparelhos, os quadros ou as cortinas iguais aos que os outros usam, a que morre de vergonha se não tiver um carro "digno da sua categoria"; a que vê os filmes e os programas de televisão que toda a gente vê, a que tem a mesma opinião que a maioria tem.
É escravo quem vive assediado pelo seu próprio trabalho, quem prejudica a saúde para ganhar muito dinheiro; quem diz que luta tanto por dar uma vida boa aos filhos e à mulher, mas esquece e não tem tempo de dar-lhes o amor e a companhia, tão necessários.
Vive como um escravo quem leva atadas aos tornozelos, como pesadas bolas de ferro, as prestações da grande e bela casa, do bom carro, de tudo aquilo sem o qual "não poderá viver", de tudo aquilo com que de facto não vive.
São escravos os que confundem o casamento com uma nova forma de sujeição do próximo... enfim! E o que é mais grave é que estamos tão habituados a essas cadeias que já não as percebemos.

"Ninguém é mais escravo do que aquele que se considera livre sem o ser."
(Goethe)
"Não há escravatura mais vergonhosa do que a voluntária."
(Séneca)»

(Autor: J. L. M. Descalzo; Fonte: Razões para a Esperança)


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Blogger: Aqui é melhor não!

O Comittee to Protect Journalist , uma ONG que defende os jornalistas e a liberdade de imprensa, elaborou um relatório sobre os piores países para exercer a actividade de "blogger". Países como a Birmânia, Irão, Síria, Cuba, Arábia Saudita, Vietname, Tunísia, China, Turquemenistão e Egipto, para só apontar os piores entre os piores, exercem verdadeira caça aos bloggers. Desde polícia on-line, obrigatoriedade de registo no Ministério da Cultura, cibercafés com ficha individual dos clientes, lista negra de blogues, monitorização de correio electrónico, entre outras medidas restritivas, tudo é utilizado para bloquear o livre acesso e a divulgação de informação. Aqui neste cantinho à beira-mar plantado, e já lá vão os tempos da CENSURA (pelo menos da censura directa...), nós que desejamos tão somente fazer deste blogue " ...um espaço aberto a Críticas Construtivas, onde todos possamos abanar a Sensibilidade e a Sensatez da Raça Humana... ", ficamos estupefactos e incré

Um dia todos nós temos o mundo nas mãos…

Vamos reflectir sobre a nossa relação com o mundo em que vivemos? Lamentamo-nos de que as coisas vão mal, aceitamos sem recalcitrar tudo o que se sucede à nossa volta… mas… fazemos, realmente, algum esforço para transformar o mundo?! Humm… é difícil… dá trabalho… Eu… ai, como eu sou comodista! Recebemos diferentes dons de Deus, segundo as nossas capacidades. Mas o importante é desenvolvê-los, fazê-los render… não podemos simplesmente guardá-los dentro da nossa “arca”! Não podemos assustar-nos com os problemas do nosso mundo… O que importa é contribuir para mudar para melhor o nosso mundo, na medida das nossas possibilidades. Todos podemos fazer algo… tornar este mundo um pouco mais acolhedor, mais humano… Todos podemos prestar alguma pequena ajuda aos outros… De nós depende que haja mais justos e bons! “ Era uma vez um homem como todos os outros. Um homem normal. Com qualidades e defeitos. Não era diferente. Mas um dia bateram-lhe repentinamente à porta. Quando abriu, encontrou os seus

Em Vida, Irmão, Em Vida

Se quiseres fazer feliz alguém a quem amas muito, diz-lho hoje, sê bom... Em vida, irmão, em vida. Se desejas dar uma flor, não esperes que morram, manda-a hoje com amor... Em vida, irmão, em vida. Se desejas dizer "gosto de ti" às pessoas de tua casa e ao amigo próximo ou afastado... Em vida, irmão, em vida. Não esperes que as pessoas morram, para lhes quereres bem e fazer-lhes sentir o teu afecto... Em vida, irmão, em vida. Tu serás muito mais feliz, se aprenderes a fazer felizes a todos os que conheceres... Em vida, irmão, em vida. Nunca visites panteões, nem enchas túmulos de flores, enche corações de amor... Em vida, irmão, em vida.   (do livro “Parábolas Como Setas”, de Manuel Sánchez Monge)