Em Portugal, a população com mais de 85 anos
quadruplicou nas últimas quatro décadas.
A esperança de média de vida dos portugueses passou
de 35 anos, no início do século XX, para os atuais 85 para as mulheres e 79
para os homens. Contudo, os estudos mostram que viver mais não é viver melhor,
já que quanto mais velhos são os indivíduos mais isolados se encontram.
É nas grandes cidades, onde mais se sente o
envelhecimento, que o risco de isolamento é maior. Neste capítulo, Portugal segue
a tendência mundial de envelhecimento.
A ONU prevê que, a manterem-se as atuais taxas de
fertilidade, a população mundial deverá estabilizar por volta de 2100. Na
maioria dos países, Portugal incluído, o aumento da esperança de vida resultou
não apenas da melhoria das condições económicas e sanitárias, mas também do
desenvolvimento da indústria do medicamento.
O aumento exponencial do número de doentes
crónicos, bem como da percentagem de população idosa, faz disparar as despesas
com a saúde. Isto, em conjunto com taxas de natalidade progressivamente mais
baixas, põe em causa a viabilidade do financiamento dos atuais sistemas de
saúde.
“Em termos sociais ser velho não é coisa boa, tanto
assim que todas as pessoas empurram a idade da velhice em função do seu próprio
envelhecimento, em suma, “velhos são os outros”. Do ponto de vista simbólico,
em Portugal, a velhice é vista como doença, solidão, abandono, desvalorização…
Poucos ou nenhuns atributos positivos lhe são associados pela maioria dos
próprios idosos” – refere Manuel Villaverde Cabral, diretor do Instituto do
Envelhecimento da Universidade de Lisboa.
No entanto, nem tudo é negativo. Com o aumento da
longevidade, muitas pessoas de idade prestam agora mais apoio aos filhos e,
sobretudo, aos netos, o que, em princípio, é bom para ambos.
A diminuição do número de pessoas em idade
produtiva e a necessidade de financiar um sistema que sustente um cada vez
maior número de idoso poderá levar, a médio prazo, a um adiamento da idade da
reforma.
Na opinião de Jorge Mineiro, diretor clínico do
Hospital CUF-Descobertas, “saber envelhecer com saúde é, hoje, um grande chavão,
mas penso que é uma arte muito difícil de conseguir. Podemos viver mais, mas
muitas vezes vivemos com mais problemas.”
As tecnologias da informação têm um papel
determinante numa sociedade envelhecida, ajudando a combater o isolamento e a
estabelecer pontes entre gerações.
Em suma, vamos viver mais tempo mas depende de nós
viver da melhor forma. A tecnologia e a investigação estão do nosso lado mas
ainda são os genes que mandam.
(adaptação do artigo “Saber Envelhecer” de Susana
Torrão, publicado na revista Montepio 03/2011)
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