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Mensagens

Encher as Medidas

Os jornais são seres altamente sensíveis ao Verão. Sofrem de uma espécie de alergia à época balnear. De um modo geral, as pessoas regozijam-se com estes belos dias de céu limpo e sol quente. Já o mesmo não se passa com os jornais. Preferem os dias de céu plúmbeo e sol murcho. Simplesmente porque é quando tudo acontece. É quando as instituições até funcionam, o País trabalha e a chuva vai caindo na mesma proporção em que chovem notícias nas redações. Chega o Verão e pronto: não há notícias.  Conscientes da escassez de matéria-prima, os jornais mergulham então numa terrível angústia para serem logo atacados por uma maleita cientificamente identificada como S.A.N. (Síndroma de Ausência de Notícias). Mas a S.A.N. pode ainda ser acompanhada por uma estranha torrente de achaques. À base de tremuras nos dedos - resultante da esponjiformidade dos músculos das mãos - estas macacoas são os primeiros sintomas de uma outra doença. É a chamada F.P.B., ou Fobia das Páginas em Branco. Na maior p
Mensagens recentes

Esta é a nossa casa

Não é uma casa erguida tijolo a tijolo. Assemelha-se mais a um ninho fabricado com fibras extraídas das entranhas: esperança, negação, ternura, compreensão. Ao logo do caminho calcorreado nesta nossa peregrinação, uma e outra vez brilharam os olhos do lobo das estepes, que queria esfacelar a unidade; muitas vezes, também, a tentação da fuga assomou à nossa beira: " Vou-me embora, esta casa não é minha ". Mas a tentação foi exorcizada. Não foi fácil a jornada. Nas tardes gélidas de inverno, quantas vezes se nos congelou o pensamento, ao duvidarmos se nos teríamos enganado no caminho! Quantas vezes nos interrogámos: Teremos feito a opção correta? Não nos conhecíamos. Serás, de facto, tu para mim e eu para ti? Será esta, de verdade, a nossa casa ? Mas uma  e outra vez conseguimos afugentar os fantasmas e retomar o caminho, empreendendo de novo a marcha. Com gozos singelos, alegrias caladas, podando ramos, limando arestas, morrendo um pouco, dialogando com doçura..., a c

Saber Envelhecer

Em Portugal, a população com mais de 85 anos quadruplicou nas últimas quatro décadas. A esperança de média de vida dos portugueses passou de 35 anos, no início do século XX, para os atuais 85 para as mulheres e 79 para os homens. Contudo, os estudos mostram que viver mais não é viver melhor, já que quanto mais velhos são os indivíduos mais isolados se encontram. É nas grandes cidades, onde mais se sente o envelhecimento, que o risco de isolamento é maior. Neste capítulo, Portugal segue a tendência mundial de envelhecimento. A ONU prevê que, a manterem-se as atuais taxas de fertilidade, a população mundial deverá estabilizar por volta de 2100. Na maioria dos países, Portugal incluído, o aumento da esperança de vida resultou não apenas da melhoria das condições económicas e sanitárias, mas também do desenvolvimento da indústria do medicamento. O aumento exponencial do número de doentes crónicos, bem como da percentagem de população idosa, faz disparar as despesas com a saúde

Usos e Gastos

Usados somos na vida Roubados, espoliados Induzidos, programados Com os recursos mais vastos De tal forma que entre os usos Obrigaram-nos aos gastos Somos usados e ao lado Ensinados a usar E se nos sobra dos usos O que fica é para gastar Eles usam nossos corpos Nossas almas, nossas mentes Usam o ventre das mulheres Onde vão nossas sementes Eles usam nossa pele Nossos braços, nossas mãos E nos obrigam a gastar Pela casa e pelo chão E pela água que bebemos Pelo banho que tomamos Pelo sorriso que demos Pelo ar que respiramos Pelos planos que fazemos Gastamos mais nos gastamos E entre gastos e usos Vivendo vamos de rastos Já que os gastos vêm do uso E pelos usos somos gastos (Paulo Canella, revista Humanidades n.º 5 / 2002)

Máquinas: Amigas ou Inimigas?

Para onde quer que nos viremos elas estão lá, fazem parte do nosso dia-a-dia, da nossa sociedade e a verdade é que já não podemos viver sem elas. O desenvolvimento das novas tecnologias tem alterado não só o modo como comunicamos e nos relacionamos, mas também a forma como pensamos e aprendemos. As vantagens proporcionadas pelo uso das tecnologias são incontornáveis. Além de ampliarem o conhecimento de forma rápida e dinâmica, facilitam todo o trabalho de processamento mental que envolve novas aprendizagens, fixação de memórias, cruzamento de informação, destreza e maior rapidez das funções cognitivas. Apesar dos benefícios serem inegáveis, as máquinas que utilizamos no nosso quotidiano também comportam desvantagens e são elas que nos podem prejudicar. Preocupados com os efeitos negativos que as máquinas podem causar nos jovens, há quem acredite que o processo de aprendizagem e raciocínio pode estar comprometido, bem como a capacidade de atenção e sociabilização. Face a este

Anda... vem comigo!

Combate à Solidão

Foram dias cheios de uma vida ativa, repleta de histórias para contar. Famílias mais ou menos numerosas que dão agora lugar a uma solidão disfarçada entre quatro paredes. Os idosos portugueses estão cada vez mais sozinhos. Abandonados em hospitais, lares de terceira idade ou, muitas vezes, nas suas próprias casas, deixam para trás uma vida esquecida por todos e que, com o passar do tempo, se vai tornando cada vez mais difícil. Nos grandes centros urbanos, a solidão na velhice é uma realidade especialmente difícil de combater. Uma solidão que, como o próprio nome indica, conduz “ a um isolamento da realidade, um isolamento das relações interpessoais ” e até, a um isolamento dos problemas do idoso. Apesar de viverem o mesmo tempo, os idosos portugueses têm menos dinheiro e menos anos de vida saudável, face à média da União Europeia, implicando menores condições para aproveitar a velhice com qualidade. Assim, é dever de todos nós promover o combate à solidão, incentivando a parti