Não é uma casa erguida tijolo a tijolo. Assemelha-se mais a um ninho fabricado com fibras extraídas das entranhas: esperança, negação, ternura, compreensão.
Ao logo do caminho calcorreado nesta nossa peregrinação, uma e outra vez brilharam os olhos do lobo das estepes, que queria esfacelar a unidade; muitas vezes, também, a tentação da fuga assomou à nossa beira: "Vou-me embora, esta casa não é minha". Mas a tentação foi exorcizada.
Não foi fácil a jornada. Nas tardes gélidas de inverno, quantas vezes se nos congelou o pensamento, ao duvidarmos se nos teríamos enganado no caminho! Quantas vezes nos interrogámos: Teremos feito a opção correta? Não nos conhecíamos. Serás, de facto, tu para mim e eu para ti? Será esta, de verdade, a nossa casa? Mas uma e outra vez conseguimos afugentar os fantasmas e retomar o caminho, empreendendo de novo a marcha.
Com gozos singelos, alegrias caladas, podando ramos, limando arestas, morrendo um pouco, dialogando com doçura..., a casa foi-se erguendo pedra a pedra, dia a dia, a golpes de silêncio e paciência, e assim chegámos a alturas muito elevadas.
A casa é um sonho alcançado, uma atmosfera impregnada de gozo, banhada de serenidade, ensopada em confiança, que nos acolhe e envolve os dois com os seus braços, fazendo de dois corações um só coração.
Esta é a nossa casa.
(texto do livro O Matrimónio Feliz de Ignacio Larrañaga)
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