Aos 77 anos, como é natural, aparecem-nos todas as mazelas. Insignificâncias, uma dor aqui, uma dor ali, nas costas, na perna, na cabeça, uma pequena coisa na pele, na unha, no olho. Não ligo nenhuma. Porque a minha pior mazela é não acreditar que tenho 77 anos. Eu bem me farto de dizer aos quatro ventos a minha idade para ver se interiorizo esse facto, mas, por dentro, estou na casa dos trinta, vá lá quarenta, e não passo daí. Setenta e sete anos? Que loucura! Tenho sempre tanta coisa para fazer, para acabar, para ler, para escrever, tanto lugar para visitar, tanto museu para ver e depois as mazelas - ai! -, mas vou, porque tenho trinta anos e, evidentemente, tenho que ir. Não tenho a noção de ser uma senhora velha. Digo: Estava lá uma velhota , ou Imaginem que uma velha... Estou a falar de pessoas provavelmente mais novas do que eu, mas não me enxergo. Até quando irá durar esta idade subjectiva que não me deixa envelhecer tranquilamente? Só quando me oferecem o braço (já caí na rua e...